Olá me perdi entre as linhas tortuosas do seu queixo colado ao meu pensamento
Pedro,
Como vai? Gostaria de lhe dizer primeiramente que eu não faço ideia de como me mantive plenamente estável ao compartilhar o mesmo metro quadrado de chão que você durante as duas horas passadas, devo ressaltar também que notei sua procura por bolsos onde enfiar as mãos, entretanto, o ar não possuía sequer um só para dar-lhe, e embora eu pudesse emprestar os meus dois da saia, não achei que fosse auspicioso, talvez socialmente inaceitável.
Você chutava um pouco a areia como quem segrega as nuances da minha ansiedade, e após refazer a viagem na qual seu pescoço percorria uns significativos graus me encarava franzindo de leve a testa como quem se surpreende e dá-se a si mesmo boas vindas ao novo campo visual.
Quando começou a falar das placas tectônicas amantes do pacífico percebi que conosco passava-se o mesmo, meu gostar-lhe desesperado provavelmente promoveria um avanço de violência lenta e contundência torrencial gerador de cadeias montanhosas e dobramentos litosféricos, uma possível correspondência da sua parte causaria tal obducção impensável para o equilíbrio das nossas pressões internas e não haveria epirogênese que as reestruturasse.
Entendi a razão para o seu distanciamento.
Obrigada pelo livro,
Marília